Nota do CRESS-RJ. Zorra Total: a baixaria da mídia comercial.


Zorra Total: a baixaria da mídia comercial

Umbelina, interpretada pela atriz Katiuscia Canoro que se apresenta como assistente social voluntária estreou no sábado dia 20 de julho no programa humorístico Zorra Total, da Rede Globo, provocou vários protestos de assistentes sociais. O quadro, porém, mereceria também outros protestos. Dos negros, dos pobres e de todos os que busc...am no Serviço Social uma forma de acessar seus direitos.

Se o quadro da assistente social fosse um caso isolado, fora da regra do programa Zorra Total, seria preciso alertar aos produtores do quadro o erro cometido, ao retratar o trabalho da assistente social de maneira tão distorcida. Não é o caso. O programa é um pacote de preconceitos que atinge pobres, negros, mulheres, gays, lésbicas, entre outros. Há, ainda, preconceitos contra determinadas políticas e serviços sociais Se o programa fosse uma exceção na televisão brasileira, poderíamos apostar na possibilidade de convencer seus idealizadores a "corrigirem" o rumo. Também não é o caso. Conteúdos que reforçam preconceitos sociais, discriminação de classe e criminalização da pobreza não são a exceção, mas a regra, na programação da Rede Globo e nas principais redes de TV comerciais.

Pior que a assistente social Umbelina, preconceituosa, autoritária e incompetente era a assistente social Wanda, da novela Salve Jorge, membro de uma quadrilha de tráfico de crianças e mulheres.

Antes disso houve "Dona Diva", outra assistente social para distorcer a imagem da profissão, na novela Insensato Coração. À época, o CFESS enviou várias vezes documentos à Rede Globo pedindo retratação. Não recebeu nenhuma resposta. Ao CRESS do Rio de Janeiro, a emissora confirmou o recebimento do documento enviado pelo Conselho e informou que, independente do contato, já estava prevista a saída da personagem da trama.

O Prêmio Visibilidade das Políticas Sociais e do Serviço Social, realizado há sete anos pelo CRESS-RJ é um estímulo à divulgação de uma imagem coerente com nosso projeto ético-político. Em função das repetidas distorções exibidas na mídia comercial, este ano o CRESS-RJ está lançando o "Prêmio Visibilidade Distorcida do Serviço Social". O objetivo é escolher a pior personagem no que diz respeito à divulgação da imagem da profissão.

A Rede Globo, emissora de TV criada em 1965 para cumprir o papel de porta-voz do Regime Militar, detém a maior parte da audiência nacional. A arrecadação das emissoras comerciais vem de verbas publicitárias definidas com base na audiência. Equivocadamente, inclusive verbas públicas são destinadas por este critério. Por isso, inclusive, para estas mídias comerciais, quadros polêmicos são bons produtos. O da assistente social Umbelina, por exemplo, está entre os mais visitados na internet. Se a audiência aprovou ou reprovou o quadro, não faz diferença, O que define o valor comercial do programa é a audiência. Assistir ou não é, inclusive, uma opção política.

Enquanto uma pequena elite controlar quase toda a mídia, no Brasil, não haverá democracia. Por isso, é preciso fortalecer a luta pela democratização da comunicação, apoiando o movimento puxado pela Frente Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) e outras entidades, exigindo a regulamentação do sistema de comunicação. Veja, ao final, como participar.

Veja a nota do CFESS

Mídia no Brasil: concentração e falta de regulamentação

Na América Latina, os sistemas de TV se desenvolveram, em geral, sob regimes militares ditatoriais. Diferente da maioria dos países europeus, aqui essas TVs surgiram e se desenvolveram como empresas privadas. A constituição de 1988 definiu princípios bastante democráticos para diferentes setores da sociedade. Na educação, esses princípios foram regulamentados pela LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), na saúde, pela lei do SUS (Sistema Único de Saúde) etc. Na comunicação, até hoje, os princípios mantêm-se apenas como princípios, pois os lobbies das grandes emissoras não permitiram sequer que avançasse o debate sobre os marcos regulatórios do sistema de comunicação.

Em dezembro de 2010, houve a I Conferência Nacional de Comunicação. Isso mesmo, a primeira, após insistente pressão dos movimentos populares. Das grandes emissoras, só a Bandeirantes participou. Todas as demais boicotaram a Conferência.

Ou seja, para que a maioria da população, incluindo nós, assistentes sociais, possa construir melhor visibilidade midiática, mais importante que pedir retratação de um quase monopólio, é quebrar este monopólio para que outras vozes possam ser ouvidas.

"Para expressar a liberdade: uma nova lei para um novo tempo" é uma campanha lançada pela FNDC para encaminhar um Projeto de Lei de Iniciativa Popular das Comunicações para regulamentar o que diz a Constituição Federal de 1988 em relação às rádios e televisões brasileiras.

Acesse, participe, assine e distribua o abaixo-assinado.
http://www.paraexpressaraliberdade.org.br/index.php/2013-04-30-15-58-11

4 comentários:

  1. Realmente o referido programa exibiu esse quadro que foi totalmente infeliz na sua apresentação, ferindo leis e dismerecendo uma profissão que tem como ideal proteção social. não estamos aqui para brincar de maneira tão baixa. foi uma vergonha.
    Eucicléia de Fatima Chagas. Estado do Pará

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    1. Infelizmente ha pessoas como vc que recrimina tal programa,e apenas um programa engraçado,agora diz pra mim se não ha pessoas na vida real como ela,procurem algo de real necessidade de luta e indignação,e não julgar a brincadeira mostrando algumas realidades,deixemos de ser hipocritas,por favor

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    2. A classe profissional recrimina isso. Há a distorção de tudo que a profissão vem lutando pra conseguir ( reconhecimento). Então não venha falar de hipocrisia. Conheça melhor a profissão pra depois criticar.

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  2. Quando o humor apresenta algo que está errado faz com todos passem a prestar mais atenção no que é apresentado. Em todas as profissões há profissionais preconceituosos e o preconceito só será desarticulado se pudermos pensar e discutir mais sobre o tema. Eu não percebo o quadro como algo agressivo mas, como um alerta para que possamos de fato pensar sobre o que impede um profissional de ser um bom profissional, ético e digno.

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